“O silêncio é uma arma poderosamente utilizada em Portugal”. - Lídia Jorge Sou tradutor profissional desde 1991, tendo traduzido, de diversas línguas para português, obras de diferentes géneros literários e áreas do conhecimento. O que vou relatar, passou-se entre 2000 e 2006. Trata-se de uma história, ou melhor, de muitas histórias, de censura e de prepotência continuada por parte de várias pessoas, envolvendo editores, jornalistas, organismos do Estado e o pr... See more “O silêncio é uma arma poderosamente utilizada em Portugal”. - Lídia Jorge Sou tradutor profissional desde 1991, tendo traduzido, de diversas línguas para português, obras de diferentes géneros literários e áreas do conhecimento. O que vou relatar, passou-se entre 2000 e 2006. Trata-se de uma história, ou melhor, de muitas histórias, de censura e de prepotência continuada por parte de várias pessoas, envolvendo editores, jornalistas, organismos do Estado e o próprio Primeiro-Ministro. Na sua origem, esteve a minha tentativa de tornar públicos, através dos órgãos de informação mais representativos do país, alguns factos, devidamente documentados, relacionados com o exercício da minha profissão, nomeadamente, a recusa de alguns editores em celebrar contratos de tradução (“Difusora Bíblica”, de Fátima, por exemplo), o incumprimento dos prazos de publicação previstos na lei pelos mesmos, ou a não publicação, pura e simples, das traduções encomendadas, a falta de profissionalismo de muitos revisores ao serviço das editoras, a baixa remuneração da tradução literária em Portugal, a passividade da associação profissional dos tradutores portugueses, e, finalmente, a publicação de obras de carácter científico, de relevante interesse nacional, em língua estrangeira pela editora do Estado. Em relação a este último ponto, julgo ser útil dar a conhecer aqui alguns dados esssenciais sobre o que está em causa. Em 2004, descobri, no catálogo da Imprensa Nacional – Casa da Moeda, duas obras, publicadas em francês, com os seguintes títulos: “Essai Statistique sur le Royaume de Portugal”, de Adrien Balbi, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra/INCM, 2 vols., 830 pp., 2004, e “Naissance d’une Identité Portugaise – La Vie Rurale entre Tage et Guadiana. De l'Islam à la Reconquête (Xe-XIVe siècles), de Stéphane Boissellier, Estudos Portugueses/Série Universitária, 707 pp, 1999. Imediatamente, enviei àquela editora uma proposta de tradução das obras referidas para português, recusada, no entanto, por esta com base em argumentos sem qualquer sentido. Posteriormente, e não tendo conseguido obter um esclarecimento sobre o assunto junto da tutela (Ministério da Cultura), submeti-o à consideração do Primeiro-Ministro. Este, depois de algumas evasivas, e perante a minha insistência, pronunciar-se-ia, finalmente, sobre a questão, em carta de 10/5/2006, que se reproduz, e que mais não é do que uma demonstração da sua má-fé em relação a este assunto. As tentativas a que fiz referência foram objecto de censura por todos os órgãos de informação por mim contactados e que abaixo se discriminam, com a indicação do nome dos jornalistas e outras pessoas envolvidas. Uma última nota para referir que a Alta Autoridade para a Comunicação Social não intervém nestes casos, considerando que a decisão sobre a publicação de notícias é uma competência exclusiva dos jornalistas. "Diário de Notícias" (Nuno Almeida e Maria João Caetano, direcção); “Público” (Isabel Salema; Isabel Coutinho e Rui Araújo, Provedor dos Leitores); "Correio da Manhã" ("Correio dos leitores"); “Expresso” (Francisco Bélard, Frederico Brito, direcção); RTP (Margarida Metelo); RDP (Maria Clara); Agência Lusa (Nuno Vinhas); TSF; Rádio Renascença (Fernando Magalhães Crespo, António Freire e Ricardo Conceição); Revista “Visão” (Fernando Dacosta); "Jornal de Notícias" (Sérgio Almeida, direcção); "O Comércio do Porto" (Nuno Baptista); "O Primeiro de Janeiro" (Nuno Santos). Anexo: Presidência do Conselho de Ministros Gabinete do Primeiro-Ministro Of. N.º 7498 Data: 10-5-2006 E N.º 6004 Proc.º N.º 2423/2006 Exmo. Senhor: Encarrega-me o Senhor Primeiro-Ministro, Eng.º José Sócrates, de acusar a recepção dos emails, datados de 29 de Março e de 5 de Abril, que foram enviados a este Gabinete por V. Exa., bem como de informar que este Gabinete não interfere na política editorial da Imprensa Nacional - Casa da Moeda. Com os melhores cumprimentos, Pl' O Chefe de Gabinete (Luís Manuel Patrão) Fernando Soto Almeida Assessor Administrativo a) Miguel Jorge de Vasconcelos de Azevedo Miranda
[Edited at 2006-06-02 22:50] ▲ Collapse | |