a revolução faz-se do interior

07:25 May 25, 2014 

Acho que pretende fazer revolução não nos pacientes mas no sistema da Saude Mental.

07:24 May 25, 2014 

O Partido propõe-me a substituição de uma fé por outra
fé, de uma mitologia por outra mitologia, e chegado a este ponto lembro-me sempre da frase da mãe do Blondin, “Não tenho a Fé mas tenho tanto a Esperança”, e guino no último instante para a esquerda na expectativa ansiosa de encontrar irmãos que me valham e a quem possa valer, por eles, por mim e pelo resto. E é o resto, o que por pudor se não enumera, o importante, como uma espécie de aposta, de perde-ganha de uma probabilidade em trezentas, de acreditar na Branca de Neve e surgirem anõezinhos autênticos de sob os móveis a demonstrarem-nos que é possível ainda. Possível aqui e lá fora que os muros do hospital são concêntricos e abarcam o país inteiro até ao mar, ao Cais das Colunas e às suas ondas domesticadas de rio à portuguesa, senhor de mansas fúrias refletindo a cor do céu e enodoado da sombra gordurosa das nuvens, meu remorso chama-lhe o poeta, meu remorso de todos nós.

07:22 May 25, 2014 

E aqui estou eu, disse-se o médico, a colaborar não colaborando com a continuação disto, com a pavorosa máquina doente da Saúde Mental trituradora no ovo dos germenzinhos de liberdade que em nós
nascem sob a forma canhestra de um protesto inquieto, pactuando mediante o meu silêncio, o ordenado que recebo, a carreira que me oferecem: como resistir de dentro, quase sem ajuda, à inércia eficaz e mole da psiquiatria institucional, inventora da grande linha branca de separar a “normalidade” da “loucura” através de uma complexa e
postiça rede de sintomas, da psiquiatria como grosseira alienação, como vingança dos castrados contra o pênis que não têm, como arma real da burguesia a que por nascença pertenço e que se torna tão difícil renegar, hesitando como hesito entre o imobilismo
cômodo e a revolta penosa, cujo preço se paga caro porque se não tiver pais quem virá querer, à Roda, perfilhar-me?

00:32 May 25, 2014 

Me parece que o "quê" deste trecho é uma forte dualidade entre uma terapia tradicional, em que o envolvimento do terapeuta seja superficial e a noção de cura se inicie de fora, e uma terapia outra que parta de dentro para operar a mudança, demandando que o terapeuta "ponha a mão na massa" ou "suje as mãos" para atingir o âmago turbulento de quem busca tal cura.
Assim, acho que sua primeira interpretação, uma revolução que se dá dentro de cada um, é mais adequada ao contexto. Não vejo aqui uma conexão com um "eu" social ou civil, e sim com uma evolução pessoal.
Só não entendi a ligação entre a "a certeza" e isso "funcionar como desculpa (...) para prosseguir cedendo" -- acho que para essa relação eu precisaria de mais contextualização da história.

16:46 May 24, 2014 

Talvez se trate de necessidade de penetrar numa estructura para a transformar desde adentro?
Do intrerior de que se trata? Dum indivíduo ou de uma sociedade?