A minha experiência | Oct 22, 2004 |
Olá Céline, De acordo com a minha experiência, é muito difícil iniciar a carreira de tradução. Acabei o meu curso de Tradução no ISLA (tal como a Céline, só que em LIsboa) em 2000. Estive 1 ano ausente na Suíça, onde tirei um diploma de estudos franceses, e onde estava à espera de iniciar a minha carreira. Enviei CVs para vários sítios na Suíça e as respostas eram todas que "não temos lugares correspondentes às suas habilitações". Na altura a minha... See more Olá Céline, De acordo com a minha experiência, é muito difícil iniciar a carreira de tradução. Acabei o meu curso de Tradução no ISLA (tal como a Céline, só que em LIsboa) em 2000. Estive 1 ano ausente na Suíça, onde tirei um diploma de estudos franceses, e onde estava à espera de iniciar a minha carreira. Enviei CVs para vários sítios na Suíça e as respostas eram todas que "não temos lugares correspondentes às suas habilitações". Na altura a minha única experiência era a tradução de uma países e parte da introdução do Relatório da Amnistia Internacional (projecto abraçado na altura pelo ISLA de Lisboa; não sei se ainda o fazem) e por isso não era nada. Um ano depois, fartei-me e, como tinha a possibilidade tanto de estar cá em Portugal como na Suíça na altura, resolvi voltar. Arranjaram-me uma lista com cerca de 86 empresas de tradução só na zona de Lisboa e eu toda contente pensei que numa delas havia de conseguir. Realmente tive DUAS respostas. Uma delas enviou-me 2 testes enormes de tradução (2 artigos, um em francês para traduzir para português e outro em Português para traduzir para inglês). Traduzi tudo impecavelmente e fiquei felicíssima quando me foi dito que os testes estavam bons e que pertencia à base de dados como tradutora de francês. 3 anos volvidos, nunca fiz UMA só tradução para eles! Conclusão: agora não aceito testes de tradução com mais de 2 parágrafos (máximo 3). Acho que muitas empresas se aproveitam da ingenuidade dos recém-licenciados. Quanto à outra empresa que me respondeu, estava "MESMO" interessada nos meus serviços. Telefonavam-me para a Suíça e tudo a dizer que não me esquecesse de entrar em contacto com eles assim que chegasse a Portugal, o que eu fiz. Enviaram-me uma ficha para preencher. Nas áreas de especialização, onde havia uns 100 temas, apenas preenchi os campos correspondentes a "económica" e "jurídica" (ainda a ingenuidade dos recém-licenciados). Nunca mais fui contactada por eles! (um conselho: no seu CV ponha tudo o que tiver trabalhado no seu curso: técnica, jornalística, etc., porque no fundo trabalhou estas áreas todas durante o seu curso, apesar de só se ter especializado em duas áreas. E depois dentro de cada área, há uma série de ramos e há empresas que fazem essa distinção. Por exemplo, dentro da jurídica há "contratos", "documentação jurídica", "tribunais", etc.; dentro da económica "bolsa de valores", "bancos", etc.). Entretanto, sem emprego, tive que fazer outras coisas. Felizmente, 5 meses depois tive a sorte de ser chamada para uma escola para ir dar aulas de inglês (também enviei CVs para uma data de escolas em Lisboa e arredores; mais de 100), onde fiquei até Junho de 2003 (primeiro com 3 horas semanais e no ano lectivo a seguir com 9). Entretanto mudei de cidade (vivo agora em Leiria). Só em Fevereiro de 2003 é que recebi um telefonema de uma empresa de tradução para onde tinha enviado o CV em Agosto de 2001! É a única empresa portuguesa para a qual trabalho. A semana passada fui contactada por outra, mas era em Lisboa e tinha que ir buscar as traduções ao escritório deles, por isso não pude aceitar (mesmo quemorasse em Lisboa não sei se aceitava porque isso implicaria perder umas quantas horas e neste ramos as horas são preciosas). Os meus outros clientes são estrangeiros. Mas, apesar de já estar nisto há 3 anos, não tenho muitos clientes e passo os verões, por exemplo, sem trabalhar. Não é por falta de enviar CVs. No início apontava para quem tinha enviado CV, as cartas que me tinham sido devolvidas, as empresas que me tinham respondido, etc. Agora já lhes perdi a conta. Quando vem uma carta devolvida deito-a fora simplesmente. Quando me respondem a dizer que não há um lugar como tradutora, apago o mail ou deito a carta fora. E o que me vai safando um bocado quando não tenho muitas traduções são as explicações que dou num centro. O que vale é que adoro ensinar e tanto isso como a tradução me realizam profissionalmente. No entanto, ter o nome em sites como o Proz.com poderá ser bom. Não que já tenha tido algum contacto por o meu nome estar no Proz.com, mas pelo menos não sou completamente "incógnita". Tenho o meu CV online e nunca se sabe. Desejo-lhe muita sorte e, como a própria Céline costuma dizer, "votos de boas traduções" (acho que é isso, não é?). Um abraço de Leiria Ivana ▲ Collapse | |