Aug 14, 2019 08:43
4 yrs ago
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Portuguese term
Que poema, de entre todos os poemas...
Portuguese
Art/Literary
Poetry & Literature
Sophia de Mello
Não tenho certeza de que compreenda corretamente a primeira parte deste poema:
Que poema, de entre todos os poemas,
Página em branco?
Um gesto que se afaste e se desligue tanto
Que atinja o golpe do sol nas janelas.
Nesta página só há angústia a destruir
Um desejo de lisura e branco,
Um arco que se curve - até que o pranto
De todas as palavras me liberte.
Na primeira frase não há verbo. Qué quer dizer esta frase? "Uma página em branco também é um poema, mas qué classe de poema?" Ou, como diz uma colega, existe o verbo poemar? Então é assim: "Qué diz em forma poética uma página em branco"? Neste caso é quase o mesmo. Mas pode ser que as duas não tenhamos razão. Não compreendo a falta do verbo aqui.
E na segunda frase não compreendo o conjuntivo. A segunda frase é uma resposta à primeira? O conjuntivo aqui posto quer dizer que a autora tinha em conta "tal vez"? Mas por qué não pôs o futuro de probabilidade aqui?
Preciso muito das explicações. Com estas dúvidas não posso traduzir. Obrigada.
Que poema, de entre todos os poemas,
Página em branco?
Um gesto que se afaste e se desligue tanto
Que atinja o golpe do sol nas janelas.
Nesta página só há angústia a destruir
Um desejo de lisura e branco,
Um arco que se curve - até que o pranto
De todas as palavras me liberte.
Na primeira frase não há verbo. Qué quer dizer esta frase? "Uma página em branco também é um poema, mas qué classe de poema?" Ou, como diz uma colega, existe o verbo poemar? Então é assim: "Qué diz em forma poética uma página em branco"? Neste caso é quase o mesmo. Mas pode ser que as duas não tenhamos razão. Não compreendo a falta do verbo aqui.
E na segunda frase não compreendo o conjuntivo. A segunda frase é uma resposta à primeira? O conjuntivo aqui posto quer dizer que a autora tinha em conta "tal vez"? Mas por qué não pôs o futuro de probabilidade aqui?
Preciso muito das explicações. Com estas dúvidas não posso traduzir. Obrigada.
Responses
4 | Qual poema, de entre toda a poesia... | O G V |
Responses
32 days
Selected
Qual poema, de entre toda a poesia...
Ekaterina,
tentarei ser pouco poético e dar uma explicação útil para traduzir.
Que poema=Qual poema
Nada de verbo poemar ao meu ver.
de entre todos os poemas,
como se a poeta chamasse toda a poesia para querer dizer o que ele sente.
Página em branco?
Talvez é melhor não dizer nada?
Um gesto que se afaste e se desligue tanto
Que atinja o golpe do sol nas janelas.
Um gesto muito limpo, puro, perfeito, não palavras, que se compare com ou fique perto da luz do sol, que toque essa luz.
Nesta página=está escrita, não em branco.
só há angústia a destruir
Somente está a angústia a destruir, destruindo (no uso brasileiro, Mello de Breyner é portuguesa).
Não é conjuntivo ao meu entender, simplesmente há funciona como o verbo estar. Está a destruir. Há uma angústia que está destruindo (BR).
Um desejo de lisura e branco= de não ser escrita, de página limpa.
Um arco que se curve, metáfora da vontade de comunicar algo, como quem vai lançar uma seta.
- até que o pranto = emoção instintiva não racional, primeira forma de comunicação humana.
De todas as palavras me liberte.
e volte o silêncio, a página em branco.
Que os manes de Sophia Mello me perdoem por ser tão pouco poético.
E que você consiga percebê-la melhor!
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Note added at 53 days (2019-10-07 01:40:22 GMT)
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Una traducción al español del poema... quizá te ayude leerlo vertido a una lengua hermana :)
http://hemeroteca.abc.es/nav/Navigate.exe/hemeroteca/madrid/...
tentarei ser pouco poético e dar uma explicação útil para traduzir.
Que poema=Qual poema
Nada de verbo poemar ao meu ver.
de entre todos os poemas,
como se a poeta chamasse toda a poesia para querer dizer o que ele sente.
Página em branco?
Talvez é melhor não dizer nada?
Um gesto que se afaste e se desligue tanto
Que atinja o golpe do sol nas janelas.
Um gesto muito limpo, puro, perfeito, não palavras, que se compare com ou fique perto da luz do sol, que toque essa luz.
Nesta página=está escrita, não em branco.
só há angústia a destruir
Somente está a angústia a destruir, destruindo (no uso brasileiro, Mello de Breyner é portuguesa).
Não é conjuntivo ao meu entender, simplesmente há funciona como o verbo estar. Está a destruir. Há uma angústia que está destruindo (BR).
Um desejo de lisura e branco= de não ser escrita, de página limpa.
Um arco que se curve, metáfora da vontade de comunicar algo, como quem vai lançar uma seta.
- até que o pranto = emoção instintiva não racional, primeira forma de comunicação humana.
De todas as palavras me liberte.
e volte o silêncio, a página em branco.
Que os manes de Sophia Mello me perdoem por ser tão pouco poético.
E que você consiga percebê-la melhor!
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Note added at 53 days (2019-10-07 01:40:22 GMT)
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Una traducción al español del poema... quizá te ayude leerlo vertido a una lengua hermana :)
http://hemeroteca.abc.es/nav/Navigate.exe/hemeroteca/madrid/...
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Comment: "Gracias"
Discussion
Eu acho que sim, que a segunda frase é um resposta à primeira. Mas uma resposta que envolve a nossa imaginação a sincronizar com a da autora. Porque a frase em si não diz nada, mas o impulso da imaginação diz tudo O conjuntivo é o modo que exprime a ação (ainda) não realizada, hipotética ou irreal. É o modo através do qual se transmite a incerteza, a dúvida, o desejo ...
O futuro é um tempo verbal usado para falar de coisas que ocorrem posteriormente ao momento da fala.
Uma página em branco, também é um poema?
A imaginação do poeta é inexcedível e ele conduz o leitor. Neste caso uma página em branco pode ser um poema porque o poeta assim o quer e temos de imaginar uma página em branco e o poeta impele-nos a pensar o poema que essa página em branco poderá conter. Entramos numa fantasia realista em que todos os nossos conhecimentos acerca de poesia funcionam, incluída a nossa sensibilidade. Nesse caso poderemos ter o melhor poema. Mas não fixemos ideias, isso é só aqui, neste sítio, a sintonizar com o poeta…
***Se existe o verbo poemar? É claro que não. Mas o poeta tem liberdade de inventar e, nesse caso passará a existir.